tardes de primavera

Enquanto há quem se esconda debaixo dos lençóis, há quem vá para a rua ouvir a tempestade chegar. Adensam-se as nuvens. No horizonte, adivinha-se a chuva. O cinzento chumbo apodera-se da atmosfera, e, lá nas alturas, dois ou três milhafres sobem pelo ar quente. Até desaparecerem em pontos no céu. O vento sente-se. Anuncia-se em rugidos fortes e breves. O primeiro clarão. Ouve-se o ar a gritar, ao longe. E, cada vez mais perto, o silêncio das aves vai sendo substituído pelo silêncio do vento. O cinzento cor de chumbo não mais deixa ver o horizonte.

A primeira gota. Gorda, de chuva. Desfaz-se estremecendo no chão.

Mesmo a tempo de aquecer o chá e ir bebê-lo à lareira.