23.6.08

estação terminal



Silêncio.
O zunir de metal sobre carris desagua num ensurdecedor comboio. Abruptamente. Em segundos, os intensos décibeis desaparecem, deixando as ramagens e os pardais. Uma sucessão de janelas derrama-se pelo olhar. Um dedo inquisidor assoma numa, um cotovelo cheio da sonolência do tédio da sua vida, noutra. Uma cara fugidia. Um olhar distante, de procura. És tu que me vês ali, e o Sol encandeia-te, e o ruído eléctrico ensurdece-te. E ficas sentado no mesmo banco com ramagens e pardais, e eu passo veloz e ritmicamente, retornando e desaparecendo a horas certas.