virus
Clarões de luz batem na janela. Finjo que não os oiço. Os trovões estremecem, e eu finjo que ignoro os pêlos eriçados do gato. Pedem-me que descreva o que sinto.
Não sei bem o que é.
Um fio de dor a escorrer do sobrolho esquerdo. Um beliscão dormente no pulso direito. Chuva nos meus olhos e raios e trovões dentro de mim.
Não sei bem o que é.
É tarde, e longe. Talvez só saiba o que foi, quando amanhecer um dia um sol que arraste atrás de si um céu azul.
Ainda é Outono.
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