10.10.06

poesia lírica dos troubadoures, ou qualquer coisa assim


Depois de pegar na caneta que tanto tempo demorara a escolher (não gosto da caneta que comprei hoje, é demasiado larga e tem a ponta demasiado grossa, e pronto, assumo aqui a minha esquisitice com canetas),

lembrou-se de assentar no papel, já gasto de tanta água lá ter escorrido, de assentar as frases de que ainda se lembrava (não me lembro de nada quando volto para casa, aliás, de mais nada além dos prédios do costume a rodear a linha do comboio).

Sentia-se demasiado só para suportar a presença de outras pessoas (imaginei perfeitamente a cena: sacar da pistola, e com gestos largos apontá-la àqueles dois sentados umas cadeiras adiante que continuavam a comer milho de boca aberta. Disparar. Respirar fundo, com um sorriso. Guardar a pistola e voltar a ver o filme contigo ao meu lado),

todas as pessoas ali enlatadas e todas as que via passar pelos apeadeiros em movimento recordavam-lhe da sua solidão (tanta gente a passar por mim e nenhuma cara me é familiar).

A cada estação que passava, sentia os ombros curvarem-se um pouco mais (para que quero eu uma pasta azul com um cheque lá dentro, Santo Deus?).

Porque quis abraçar-te, mas depois íamos cair e descompor-nos. Sei que não gostas de fazer figuras no meio de estações.



1 Comments:

Blogger Funny retorquiu porém...

Problema: desejo de abraçar não concretizado cria ansiedade e põe a cabeça a pensar e pensar...

Solução: Abraçar! :D

10/10/06 7:43 da tarde  

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