80s
Acontece que quando não se diz nada, também o que se escreve não serve. Talvez assim sejam as minhas prosas, que pretenciosidade, destituídas de conteúdo. De acentos graves, de brilhozinhos nos éés, de reviravoltas de palavreado em serpentina.
Esqueço-me das imagens bonitas que tenho em mim.
Abri no sábado uma arca e lá dentro estava o meu passado. A minha memória longínqua estava ali, afinal. Pedaços de mim cosidos nos remendos das bonecas, estampados no plástico dos brinquedos (já sou desse advento das cadeias longas de polímeros). Procurei o nada. Fechei a arca, e no ranger soltou-se uma nota de um pequeno piano cor de laranja com pintas coloridas nas teclas (de plástico, pois sim). E foi esse efémero ranger desafinado que me despertou uma melodia que não sabia que ainda existia em mim.
Estranho espaço obscuro por onde o inconsciente se vagueia.
1 Comments:
As coisas que sem querer fechamos em arcas...
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