8.7.10

sempre, o tempo



A sucessão de realidades, o passar de uma coisa para outra, de um lugar para outro, o ver uma cor transformar-se, p-a-s-s-a-r, v-e-r, é isto o tempo. O tempo, maldição das maldições, é tudo. A morte pode ser um acontecimento na vida, mas é o tempo que a domina. Podemos escolher ser ou não dominados pela morte, mas nada podemos sobre o tempo.

E é, para mim, isto mesmo que o tempo faz: apaga as sombras que me rodeiam, aclara-as lentamente, num processo minucioso e discreto, até fazer-me capaz de confundir o que foi sombra, o que foi presença.

(por isso, talvez, não há fotografias na minha casa. Para não correr o risco de acontecer como naquela fotografia do "regresso ao futuro")