1.10.13

poesia



Todos os poemas de amor, todas as declarações infernais de paixão sufocante, o chão que treme, a luz que brilha até cegar, não conseguir respirar nem deixar de respirar-te.

A vertigem avassaladora de te ter, de te precisar, de me quereres.

E se isso, esse quase estado de transe que todos os poetas quiseram algum dia descrever, não existir em ti? Se os sentimentos arrebatadores e assustadoramente mortais não passarem de um lugar de conforto, uma presença, mais uma rotina, conveniência?

Se isso do amor, visceral, universal, que os poetas nos fazem crer, nunca tiver existido?

Não resta muito. Pouco mais que uma máquina de respiração artificial. Somos pouco mais que corpos inanimados em cuidados intensivos.

Um pouco menos que poesia.