3.2.05

regresso a casa

Tinha que voltar. Não aguentava um pedaço de si mesmo ali, prostrado. Sem reagir. Quem dera estar ali por ele, se assim fosse talvez já não estivesse assim. E no entanto...ainda não é permitido viver a vida dos outros. Claro que não estava sozinho, ela jamais o permitiria...

Eventualmente, teria mesmo que regressar. Mesmo sem um pedaço de si mesmo ali, prostrado.

Regressemos, pois. Regressemos ao vazio, ao outro lado, à realidade simulada todos os dias. Regressemos, mesmo que ninguém espere por nós, mesmo que o caos se atravesse à nossa frente, mesmo que abramos a porta à solidão. À ausência. À espera. Isso. Esperando infinitamente só que a outra parte regresse. Que reaja. No meio de todo este caos (realidade simulada todos os dias), um vazio que transborda a espera. Enchamos pois o vazio de nada, de nadas, de ruídos, vozes, instrumentos, músicas não realizadas (porque apenas pretendem evitar que o vazio transborde em lágrimas). Que o ruído nos ocupe até que possamos regressar à realidade de todos os dias e a rotina nos invada de novo. Talvez aí a música possa então realizar-se, e não se preocupar em conter as lágrimas.

4 Comments:

Anonymous Anónimo retorquiu porém...

não sei o que me incomoda neste pedacinho de ti, se a possibilidade de isto ser verdade e tu o viveres todos os dias - sinceridade, é isso que mexe comigo, se a tua maneira de escrever, bela, flúida, que enche, que preenche vazios, e cria outros - neste caso seria também um bocadinho de inveja, sou humana!
lindo, simplesmente, é isso.
(já te disse que me és assustadoramente essencial? mas és)
s.

3/2/05 10:15 da tarde  
Blogger Funny retorquiu porém...

"Regressemos ao vazio, ao outro lado, à realidade simulada todos os dias."

@ qm simula (consciente ou a leste, todos ou poucos, loucos ou sãos,...)?
@ qm é q é simulado (qm simula ou qm é afectado - excluindo o simulador)?
@ pq simula (refúgio, cobardia, coragem, inteligência, busca, medo,...)?
@ o que se acha da simulação?
@ como se age perante a simulação?
@ quais as consequências?
@ terá fim?

É um blog sem nome mas de vez em qd com ideias, sentimentos e algumas reflexões q revelam um sentido ausente mas presente por vezes negligenciado ou oculto...

4/2/05 2:56 da manhã  
Blogger bastard_o retorquiu porém...

tanta pergunta. é simplesmente sentir que se está à margem de tudo, e que o tudo não vai sequer reparar em nada. às vezes parece-me que palavreias demais aquilo que podes somente sentir, meu caro amigo...;)

4/2/05 8:44 da tarde  
Blogger Funny retorquiu porém...

Quem te diz a ti q n é por senti-lo que questiono, q "palavreio" ?!?

5/2/05 6:13 da manhã  

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