Mas que mania de acontecer tudo concentrado no tempo. Anda-se meses a tentar fazer com que o tempo encolha, e depois de repente tem que se esticar uma semana para lá caber tudo e mais alguma coisa. Só me dá vontade de fazer como as ginetas.
Ouvir os pardais em euforia colectiva e começar a ver cada vez mais luz a esgueirar-se por entre os estores. Sentir o que disseste ainda há pouco entrar pela cabeça dentro enquanto penso que nada disso adianta, porque o que eu queria era mesmo acordar. Viver o dia dos justos. Sem sonhar contigo.
De vez em quando acontece uma palavra ou outra desaparecer. Deixo de a conseguir ler, porque se tornou numa amálgama de letras. E ler essas letras soa demasiado estranho para me parecer que está ali uma palavra. Não consigo conotar aquilo com nada, conceito nenhum está ali.
Depois olho um pouco o infinito...
... e o mundo faz-me um bocadinho mais de sentido.
Ouvir os pardais em euforia colectiva e começar a ver cada vez mais luz a esgueirar-se por entre os estores. Sentir o mundo todo entrar pela cabeça dentro enquanto penso que nada daquilo adianta, porque o que eu queria era mesmo só adormecer. Dormir o sono dos conformados. Sem sonhar nada.
Eu juro-vos que aquele rádio que está na cozinha a debitar decibéis para o ar enquanto eu estou no quarto a tentar escrever um trabalho me está a irritar tanto que era capaz de o desfazer com um murro. Picuinhices.
"Vou deixar de vos ver. Não foi fácil chegar a esta decisão, não foi sequer claro precisar de chegar a uma conclusão. É que às vezes só assim me faz sentido. Depois de mudarem, depois de eu mudar, depois de o tempo mudar, depois de qualquer uma coisa que não sei me fazer apetecer estar mais perto de outro lado qualquer. Não mudei, passei a ser só assim mesmo. Sem apetências nem justificações. Nem convosco."