29.11.06

nada está escrito

24.11.06

ossos

Ser gente e pegar em coisas espalhadas, espalhar músicas por aí. Ir apanhar folhas secas, quando a chuva há muito que lavou todos os passeios. Adormecer-me de ti.
Ser gente e redescobrir as ondas do mar a rebentarem num molhe, a espraiarem-se só para mim. Perder o olhar no verde do campo, e perceber que nunca se está demasiado longe de quem não se vê no horizonte.
Ser gente e sorrir por ver um chapéu de chuva aberto num banco de jardim.
Ser gente e mandar a preguiça levar as saudades para um canto esquecido.
Sentir o tempo a percorrer os ossos. Calmamente, porque o nosso tempo não acabará nunca.

que nós

Conseguiremos algum dia ser tão sensatamente inócuos, como os outros que se dispersam à nossa volta? De deixar de sermos pensamentos, de sermos silêncios, e somente ser(mos)? Como transeuntes? Conseguiremos algum dia estar(mos) bem?

23.11.06

sombra



Uma metáfora para uma nuvem.
Não um destino. Não um fado.
Uma circunstância, como um estado do tempo.
É uma ausência que persegue, que se antecipa, que finta quem a quer largar.
Presente até na noite mais solitária.

21.11.06

descrição de uma ansiedade





Da euforia à mística.

Da mística à angústia.



19.11.06

entretanto o mundo não parou










Mas houve quem abrandasse, estrada fora, até não encontrar mais vestígios de gente. Só uma mulher, enrugada do trigo ceifado e da terra lavrada, que se deu ao trabalho de abrandar também.

Pois que nunca se pára o suficiente para se mudar.

Pois que vou andando, um pouco menos que o suficiente, para me ir mudando, por aí.

14.11.06

belogues



Está na hora do meu exercício diário de omnipotência.









Já está.


13.11.06

flores de verão...



...e verão de s. martinho

Há que tempos que não dava por mim a sorrir no meio de um comboio.

11.11.06

boião de cultura




Queluz é uma freguesia portuguesa do concelho de Sintra (...). Foi elevada a cidade em 24 de Julho de 1997, compreendendo esta, para além da freguesia que lhe dá o nome e onde tem a sua sede, as de Massamá e Monte Abraão, que dela se separaram administrativamente em 12 de Julho de 1997.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A parte boa de ter um blog é que podemos fazer dele o que bem nos apetecer e desfazê-lo logo a seguir, sem nos sentirmos obrigados a dar qualquer explicação a qualquer anónimo, ou não, que se dê ao trabalho de o visitar - sou livre de o fazer. Porque os que me são anónimos vêem e lêem o que quiserem, da forma que quiserem, interpretando como quiserem - são livres de o fazer. Porque os que não me são anónimos podem não entender as fotos e os textos que publico, mas sabem que tudo isto é um resultado qualquer daquilo que vivo. E sabem que só se mete na minha vida quem eu deixo. E às vezes, nem isso.


9.11.06

1.9 tdi.


E depois?
Pena é ter que encher depósitos.

8.11.06

N8




Quem nunca se atirar para o vazio nunca saberá de que matéria é feito, nem que parte da vida lhe está a escapar.

E por isso me sinto, em cada dia, em queda livre. E por isso me abstraio (que ilusão) das escarpas que passam rasantes. Para doer menos quando bater... no fundo.



Saudades, muitas saudades. Do cheiro do campo. Dos fetos. Dos musgos e folhas caducas. Da terra. De um riacho. Da humidade e de um pôr-do-Sol.



7.11.06

where|house

Onde dizem que há um gato preto a mudar as suas cores. Mas onde isso não importa, porque só se vêem gatos a cores de preto e cores de branco.
Onde nada se sente, a não ser o peso dos dias em branco a passar. E das noites,
negras.
Onde há balas em suspenso de armas que nunca dispararam.
Pessoas que se riem, e são felizes, por todos os lados. Menos um.
Talvez nesse, se não chover...

4.11.06

pensamentos contínuos

Baços. Desfocados.

Incerto.

Mas

Mas, o quê?
Nada.
É só um
"mas"...

eu sei



Diz, a páginas tantas, que "a tristeza é mais profunda que a dor". Não sei o que se lhe entranha mais no fundo. Por um momento, é toda a tristeza que dói, para logo depois, sentir uma dor carregada de tristeza.


Talvez acabe por ceder, porque dia algum fez sentido.




2.11.06

fugas



Vamos encher este tempo de espaço, até lá não cabermos e fugirmos para outros tempos e outros lugares, porque naquele tempo, onde nos encontrámos uma vez, cabe só o vazio.
Vamos fugir desse tempo que nos persegue, corramos até nos faltar o ar, porque esse tempo é imparável. Não queremos que nos alcance. É que no momento em que nos tocar, seremos arrastados para dentro dele.
E não queremos lá voltar, a todo o custo.
Que se lixe o amor-próprio, desde que o orgulho fique intacto.