22.9.13

fotografias





Há imagens que presenciamos, que se fazem e são presentes. Que, por si só, são momentos que preenchem. São espaços, cores, sombras e luzes que não conseguiremos nunca fixar, de tão vivas, em memórias digitais, analógicas, ou, pessoais.

Quando essas imagens surgem, e temos oportunidade de as presenciar, só nos resta ficar, contemplar e, por momentos, ter a sensação de que fazemos parte daqueles pós de luz. E acreditar que ainda não será esse o último momento.




17.9.13

céu





Olhar, só.

Noite, escuro. Os sons do silêncio. Abrir os olhos e deixar que a cegueira passe, que a pouco e pouco  mais poeiras de luz invadam o olhar. Deixar que seja a luz a entrar por nós dentro. Começar a ouvir melhor, a ver melhor, a vida em redor. Abrir os olhos, só. Infinitas poeiras pelos olhos dentro. 

Contemplar cada vez mais luz, a noite cada vez mais escura. O sentir, mais profundo.





4.9.13

partilha

 
 
 
"Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cale para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se avizinha".
Vergílio Ferreira
 
Acho que gostava de ter sabido escrever isto, assim. Mas às vezes o melhor mesmo é tomar para nós as palavras dos outros, já que as nossas podem ainda nem ter sido pensadas. E de repente, ao ler as de outros, emerge qualquer coisa cá do fundo, que nem sabiamos que existia-nem palavras, nem fundos.

Ainda sem saber responder.
Mas crer que existem.
Estão por aqui.





2.9.13

de vez em quando



pegavas nela e levavam-se ao cinema, a beber, a ver o mar. Todas as pessoas a passar, e era normal. Cinema francês não, um vinho do Porto já pode ser, aquele mar do sul, tão brilhante. E ninguém reparava. Como se fosse normal as mesmas 150 pessoas escolherem o mesmo filme. O mesmo vinho. O mesmo mar. Pegavas nela e as coisas passavam por vocês. Faziam-las passar por vocês. Disfarçá-las de vós mesmos.

E, no entanto, todos eram assim. Não fazias ideia do que era aquilo. Não sabias, não percebias que era a posse. Dela.

«O "meu" do amor é sempre entrega. És minha porque tens o meu coração em ti, não o contrário.»