20.10.13

baixinho













 





Quando no meio da multidão, há palavras imperceptíveis.
Quando, no silêncio das tuas paredes, sentes palavras, sussurros atrás de ti. Tão baixos que ninguém os poderia compreender.

Não te apoquentes, não te desiludas: quanto mais baixinho, mais sussurrado, quanto menos palavras, mais perto do coração. Tão perto, que um só murmúrio preencheria todo o mundo, para ti.














11.10.13

00:21




It hit me.

Em silêncio, espectante, e num instante, aquele acorde dentro dos meus ouvidos. 
E num instante, rios, correntes, olhos fechados, sentir cada onda sonora a passar por cada célula do meu corpo. A reverberar. Vibrar com.

E num instante, silêncio. Mas noutro lugar, com outra luz. Outra voz, outras correntes.

Viagem da música.




1.10.13

dias



Música, desde domingo a ensinar-me.

A liberdade de tomar a forma que quiser. De transformar. De transmitir o que se quiser, nem que seja a brincar. Apetecer.

O poder de sentir o impossível, de dizer o indizível. Estar, presente, ser quase palpável.

Transformar o cinzento em cores, em campo, em chilreios.

Suspensão.  Mudança. Densidade. Interior.

Trazer vida a um texto, fazê-lo ganhar contornos, rostos, vozes. Verdadeira injustiça. Marca.

Música, desde sempre a ensinar-me.






poesia



Todos os poemas de amor, todas as declarações infernais de paixão sufocante, o chão que treme, a luz que brilha até cegar, não conseguir respirar nem deixar de respirar-te.

A vertigem avassaladora de te ter, de te precisar, de me quereres.

E se isso, esse quase estado de transe que todos os poetas quiseram algum dia descrever, não existir em ti? Se os sentimentos arrebatadores e assustadoramente mortais não passarem de um lugar de conforto, uma presença, mais uma rotina, conveniência?

Se isso do amor, visceral, universal, que os poetas nos fazem crer, nunca tiver existido?

Não resta muito. Pouco mais que uma máquina de respiração artificial. Somos pouco mais que corpos inanimados em cuidados intensivos.

Um pouco menos que poesia.