29.11.05

Ah. E viva a ironia como modo estilístico. Gosto disto.

ode à morte das células cerebrais alheias

Era uma vez cinco amigos da vida airada, chamados Qualquer Um, Alguém, Toda a Gente, Ninguém e Deixa Andar. Viviam todos no mundo da Inércia. Como é bom de ver, eram bons compinchas quando estavam juntos e, ou não vivessem eles sob as leis da Inércia, achavam que não iriam deixar de estar juntos tão cedo. Não obstante, os nossos amigos desta ode acharam (e muito bem) que deviam fazer um pleno uso das potencialidades tecnológicas das redes e afins para que mesmo estando juntos pudessem estar em contacto uns com os outros. Acontece porém que a Inércia era um grande lugar para eles viverem, e por isso cada um morava no seu canto e trabalhava noutro. E assim andavam felizes. Até ao dia em que perceberam que o mundo em que viviam se chamava Inércia. Ó diabo. As leis (que como todos sabem, são para se cumprir) mandavam que todos ficassem no seu canto, porque se tornava insustentável tanta mobilidade na Inércia. E depois, dizia a sabedoria popular ( que vale mais que lei) que é de bom tom pedir licença a um pé para mexer o outro. Pior, aconteceu o imponderável: os nossos amigos não notaram que as redes que os rodeavam eram pura ilusão. Assim, foram-se quedando pelos seus respectivos cantos, na ilusão de que continuavam em contacto uns com os outros. Toda a Gente sentia-se tão bem no seu canto. Ninguém nunca sabia onde andava Toda a Gente. Alguém até nem se importava de ir ter com Qualquer Um, mas... acabava por fazer como Deixa Andar. A páginas tantas, Toda a gente começou a achar que Ninguém se importava com nada. Até que Alguém se lembrou de voltar a fazer pleno uso das potencialidades tecnológicas das redes (ilusórias) para dizer o que pensava.
Fim.
Moral da história: ainda bem que Ninguém era moralista e tinha o seu próprio blog...

27.11.05


Parece-me um bom fim de fim de semana.

26.11.05

mas era só isto por hoje

É como se pusesse a minha alma ao dispôr.

A única coisa que me pertence. Dispõe dela. Usa como entenderes, opina. Sugere. Critica. Leva emprestada, para casa, por tempo indeterminado, devolve-ma quando bem entenderes. Copia-a, para a ouvires quando bem entenderes. Lê como quiseres, interpreta como quiseres. Ouve onde quiseres, como bem entenderes, com quem quiseres a teu lado.

Talvez nunca venhas a saber que dispões de mim.

25.11.05

e já agora explico melhor

Se bem que dizer que quem sou e o que oiço é mais ou menos a mesma coisa pode não ser bem assim. Sou o que me rodeia, e mais imporante, sou quem me rodeia.
Aproprio-me dos sons, dos sentidos, sentimentos de outros. De quem oiço. De quem me deu a ouvir. A quem eu dei a ouvir. A quem dei sentimentos, sentidos, sons.
Se calhar se tivesse posto só o cd no leitor tinha sido mais simples.
E ninguém tinha que me aturar.

já que não há mais nada para fazer hoje

Já me lembrei de arranjar aqui um cantinho qualquer onde depositar a fiel banda sonora deste blog(ue). Porque tenho a certeza que muito do que escrevi seria lido de outra forma, se ouvido o som que acompanhou (e acompanha agora) a escrita. Se calhar nem tenho essa certeza, só um desejo qualquer com implicações narcísicas. Por isso mesmo me custa tanto responder à proverbial pergunta "então o que é que costumas ouvir?". Porque detesto que me perguntem tão directamente quem sou.
Se alguma vez arranjar esse cantinho por aqui, deixo de responder à pergunta.
Mas sou demasiado preguiçosa para mostrar quem sou e o que oiço (que é mais ou menos a mesma coisa).

24.11.05

momento zen do fim de semana



reprodução de aguarela chinesa do séc. XVIII de Ba Dan San Ren.
cenário de Folding - Shen Wei Dance Arts.


Culturalmente muito bom.

22.11.05

arpejos

AH! O peso da música... Se soubesses o que me pesa, por vezes, se soubesses o quanto me é necessária, por vezes, se soubesses que é através dela que há muito que vivo. Se soubesses como ela me prende, e como me obstinadamente me faz escrever (gerar, como a crianças) estas que lês, por vezes, que não lês, por vezes, que ignoro que leias ou não. Se soubesses que me faz lembrar-te, se soubesses que me faz lembrar o que já desejei ser.
Se por vezes, soubesses.
Se soubesses como por vezes me arrepio.

moral da história diária



Já te vi dares umas boas gargalhadas, não foi?

É quanto baste para sermos mais felizes.

21.11.05

october 17, 1988

Há algo maior que eu mas que me é transmitido por alguém como eu. Somos portadores de coisas maiores que nós. E de vez em quando, transcendemo-nos com elas.
Não é coisa que se perceba, é antes coisa que se sinta.

E há quem se transcenda cada vez que toca piano. Como neste dia, segundo o que estou a ouvir.
(e já larguei os *)

*


* Se calhar não vale a pena encher todos os títulos de postes com (*)...

É assim que se ganham vícios.

chilitetime *

Vives (sobrevives) encerrado em ti mesmo, como se o teu ser te bastasse. Como sacias essa necessidade do outro? De seres mimado, acolhido por alguém (que não tu mesmo)? Quem te acolhe, quando tu não te acolhes a ti mesmo?
* era só o que estava a ouvir agora.
De vez em quando faltam-me nomes para os títulos.
Acontece.

19.11.05

stravinsky *

Definitivamente presa. Acorrentada a cacos de realidade. A uma imaginação escaqueirada.

Colar os cacos.
Ou
Deitá-los fora.

* (durante a Sagração da Primavera)

a antítese inesperada

Motivos de suspeita:
a) Secretaria geral de uma faculdade pública aberta às 13h30 (então mas e as duas horas de almoço?)
b) Secretaria vazia de gente (será que é preciso tirar senha na mesma??)
c) Uma funcionária a trabalhar (trabalhar na hora sagrada do almoço???)
d) A mesma funcionária a pedir educadamente para aguardar por uns momentos, pedindo desculpa pelo incómodo ("what a..." mas ela será cínica????)
e) Entrega, nos conformes e sem problemas, do certificado pedido (nem tem erros no apelido...)
f) A pièce de résistance: "Cá está a certidão. Desejo-lhe muitas felicidades para o futuro, e muito boa sorte. Tenha um bom dia".

....

Ele há coisas a que uma pessoa já não está habituada... ou será que é preciso o rótulo de licenciada para chegar a uma secretaria civilizada?

17.11.05

1000

..mil.

Este conjunto de azul e letras já foi visto mais de mil vezes.

Deprimente.

999 e...

Mania esta de dar significado a algarismos. Fazê-los ser números, obrigá-los a indicar qualquer coisa. E achar que podemos sentir alguma coisa com eles.

novecentos e noventa e nove.......

999

Ainda agora...

16.11.05

foi... fofinho

Às vezes simplesmente não temos expectativas e depois... quem diria que o que estava mesmo a precisar era de um filme fofinho. Agora estou a sorrir e até me dei ao luxo de vir a ouvir o Baile da Paróquia no caminho de casa.
Ele há fins de dia para tudo.

14.11.05

música de embalar

Noutro tempo, noutro espaço, noutro sítio imaginado. Sou a vertigem de uma espiral que mergulha no vazio. Vejo-me no outro lado da realidade e aprendo lições que nunca irei pôr em prática. Sinto-me ser noutro ser. Mas o outro ser sou eu. E é o eu deste lado que vos escreve que é imaginado. E enquanto ouço música que ouviria no outro lado adormeço. Talvez não seja eu, afinal.
E talvez queira mesmo deixar de te ver (mas de que lado da realidade?).

13.11.05

ordinariamente

É o mesmo nada que vivo todos os dias que me suspende por entre as horas. O mesmo nada que todos os dias me dá enjoos e faz vomitar de cada vez que um grão de areia fugidio risca o meu vazio. Porque me perturba. Porque há uma tempestade de areia que me persegue e que sempre que chega mais perto...

Em que é que estás a pensar?
Em nada.

a sapiência de um bêbedo


"Não gosto de vocês. Porque vocês são pessoas."


Quem lá esteve corrobora o surrealismo dessa noite. Certamente.
A sabedoria encontra-se em cada um...

10.11.05

entredentes

(inspiração univocabular... se é que tal vocábulo existe)

Disseram-te que te queriam de volta como eras. Que era feio aquilo em que te tinhas tornado. Mas não souberam, nunca (nunca, a negação da negação pela apologia de uma afirmação implícita) que tentavas desesperadamente deixar esse bocado de ti para trás. Lá, no espaço da memória. Não souberam que era aquilo que insinuavas constantemente que te trazia para o fundo, como um cão raivoso a morder a própria cauda. Acharam que era genuíno o teu desespero contido. Querem-te louco. Talvez seja esse o teu destino. Tomar a loucura para ti. Impregnar-te até ao teu fim daquilo que ninguém ousa levar consigo, para que ninguém tenha que se morder de raiva e loucura.
Disseram-te, entredentes, que és louco.

Entredentes, continuarás a dizer que nunca serás são.

9.11.05

Não sei, acho que o boneco é parecido comigo. Sempre me achei um bocado inerte.

... tcharan

minima blue. again.

8.11.05

o template originalmente azul segue dentro de momentos...*

Escusam de continuar a reclamar, ó hordas de fans!

*É só eu conseguir voltar a pôr as configurações como estavam...



ah, horda, s. f. (...) bando indisciplinado; caterva; chusma; guerrilha.
Do mesmo dicionário.

6.11.05

por travessas

Ela disse que acreditava plenamente que eu era feliz.

Eu achei isso assustadoramente perturbador.

5.11.05

sábado, ou outro dia qualquer

Fazer planos para quê. Sabemos lá o que o dia ainda nos reserva.

3.11.05

o coisinho

Hoje apetecia-me tanto inventar outro blog (sim, eles entranham-se e multiplicam-se, quais parasitas), mais irónico, cómico, cáustico até e com tudo o que é história da vida real (mas estupidamente parva) . E aí percebi: teria que ser um blog colectivo. É que a maior parte das histórias sou eu que as oiço, mas não sou eu que as conto. E, para o caso, quem conta não escreve blogs. Por isso, O cois-i-nho há-de ficar por tempo indeterminado na gaveta da imaginação de cada um.
Mas lá que ia ter piada...

2.11.05

templates

Este blog encontra-se em mudança temporária de template (aspecto, ou qualquer coisa do género).
Já estava farta do azul.
P'rá semana volto ao minima blue (espero eu).

tardes de aulas

Só que de três em três meses há alguém que se ancora em nós a pretexto de cartas repartidas e nos faz sentir (bem) num degrau qualquer mais acima de onde costumamos estar.

E o que é suposto eu fazer lá desse degrau?
E porquê de três em três meses?

1.11.05

lucky luke


Às vezes parece que a minha sombra é sugada pelo chão dentro. E depois faz-me falta.

mais a leste


Água. Chuva, insistente, em poças. Um frio ameno.
Gotas a escorrer numa janela por entre a paisagem fugidia.
Ah, e castanhas assadas.
Sim, o outono não é mais que isto.

às vezes, só

Esses vazios que me deixaste, são tudo o que resta de ti. Agora estás sempre presente, porque me deixaste o vazio.
Que não posso preencher.
É que às vezes quero que desapareças.