29.4.07

cinco gruas e uma antena

Liberdade é não querer esconder-te, nem prender-te, nem torturar-te.
Sou isto. Ninguém sabe.
E a merda do céu que está roxo, hã. Quem terá dado um soco no Céu?
E ele chora, agora, muito. Talvez chore até como se o amanhã não viesse (talvez não venha), ou como se o sol não se levantasse para secar a estrada, como sempre faz. Aquela estrada por onde a Liberdade seguiria, se a encontrasse (talvez corrija), se a pudesse escolher.

28.4.07

os fungos não andam

Acho que nunca irei para lado nenhum. Vou estar sempre no mesmo sítio, hei-de transformar-me num bolor. Nos melhores momentos, serei um cogumelo, um grande micélio cheio de hifas. E hei-de secar e apodrecer, assim que o tempo ficar mais seco e quente.
Qualquer dia, chega o Verão.

26.4.07

animais de cidade





Nada me demove. Tenho onde estar, para onde ir, o que procurar. Nem sol, nem chuva, nem vento, nem frio, nem calor. Nem parasitas, nem doenças. Nem pessoas. Ando pelo chão, rastejo correndo, engulo tudo quanto vejo e quanto não vejo, não me desvio, em lado algum. Não me espantam, eu passo por tudo, e já estive aí. Atropelem-me, envenenem-me. Cago. Lá do alto. Sou pombo, tenho penas, ossos leves. E Asas. E vôo. Quando eu bem entender.



22.4.07

fácil como encontrar um trevo na tromba de um elefante.






Aprender a reconhecer momentos. Isolá-los, delimitá-los, e porque não, justificá-los.





nos dias de hoje...




...pensa-se no mal, e ele envia-nos um e-mail.



21.4.07

fácil como encontrar um trevo na tromba de um elefante.





Da confusão entre o que vêem de nós e o que sabemos de nós, resulta a indefinição e angústia. Só.



20.4.07

o melhor do mundo são as tartarugas


É que não há outro sítio onde este animal goste tanto de estar... mesmo que implique uns trambolhões pelo meio, este olhar vitorioso de satisfação vale por tudo... até acordar-me a meio da noite.

19.4.07

fruitless

De uma loja que deixou de existir, com um dinheiro que já não há. Os vestidos vermelhos ultrapassam tempos e espaços.

18.4.07

o desvario do fim de semana




...era apoderar-me de um dos pianos no CCB e desatar a tocar músicas beatas para o povo culto.



serão erudito




É que se uma pessoa não se cuida, quando dá por ela já comeu um ovo de chocolate inteiro enquanto discutiu coisas tão abstractas como liberdade, omnipotência, vontade própria (não canta lá muito bem, não) e 3+n dimensões.




Mas quase sempre, perco-me na imperfeição pantanosa.

15.4.07




Confesso, às vezes apetece-me a perfeição.

13.4.07

a humildade pedagógica

E depois há aquelas pessoas que se lembram no dia do seu aniversário de oferecer a sua amizade e dedicação.

És capaz do mais difícil. De ir ao encontro, em vez de ir à procura.

Parabéns. Cibernáuticos, claro está. ;)

visões

«Nunca sei o que aconteceu ao passado. Não gosto de pensar no futuro. E o dia de hoje vai passando.»
Encostou-se ao banco traseiro do carro. Pela janela, a direita, os semáforos sucediam-se. Os prédios, voltados a sul. Uma bomba. Os olhos iam-se embaciando, de secos. Como mãos gretadas do mau tempo. Olhos secos de uma má aventura. Ia-se deixando conduzir. Lembrava-se vagamente de um momento, mas a memória difusa e as luzes da cidade iam-lhe adicionando camadas, acrescentos, perpectivas diferentes. A mesma acção elevada ao expoente máximo. O infinito num momento. Num ponto. Nele.
E o tempo foi passando, um tempo que não era dele, mas estava nele. Tal como o caminho que fôra traçado, mas não por ele.
Recostou-se. A luz foi-se difundindo, até à cegueira.

12.4.07

mr ben


4.4.07



Foge foge, bandido, foge, que te captam uma imagem de uma coisa que não és.
Que te espreitam por entre nadas uma alma que não tens. Foge, foge daqui antes da noite te prender em entranhas surreais.
Foge.
Foge, bandido, para que saiba melhor ainda voltar aos teus braços.

3.4.07

pita rebelde

Há que guardar tudo. Relembrar todos os pormenores, e nunca esquecer as coisas importantes. Recordam-se as linhas descosidas, os cabelos desalinhados, recorda-se vagamente uma casa e um quintal num Verão quente. Ouvimos aquilo que descobrimos vai para quinze anos atrás e lembramo-nos dos autocarros que apanhávamos para chegar à praia. Não nos parece que o nosso passado seja já adolescente. Achamos estranhas memórias de coisas tão diferentes das que fazemos hoje. Também achamos estranhas outras tão iguais.
Épocas. As que estão por vir. Que só sabemos se acontecem ou não depois de terem sucedido (assim dizia o Oshima).
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Não deixa de ser curioso ouvir um cd que não ouvia há dez anos.
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2.4.07

desidroses

As coisas sérias só se dizem uma vez. Para serem fixadas, ali, naquele momento. Ou perdidas para sempre.

Havia quem dissesse que com aquele estava sempre tudo bem. Pobre. Era pessoa séria o bastante para só dizer o importante, o mais de tudo o resto, na subtileza de uma palavra. Certeira. Indelével, mas tão subtil.


Sempre achei que as pessoas mais sérias são as que mais riem.
E tenho a absoluta certeza que as que mais bom senso têm são as que de mais parvoíces se lembram.

em abril águas mil

Presumo que o post anterior não tenha nada a ver com a molha que apanhei hoje, como se passar uma manhã numa repartição de finanças não fosse já de si deprimente.
(finalizar a leitura com um sonzinho igual ao que o Homer Simpson faz...quando a vida lhe corre bem...ou não...)