31.5.12

do teu sofá

29.5.12

reclama




Reclamamos coisas, momentos, seres. Mas não nos lembramos que um dia vamos precisar de uma bengala e de alguém que nos ouça. Que um dia vamos querer deixar de escrever com ks, qs e ps (quereremos?). E cozinhar. A sério, pratos inteiros e cheios.

O teu sonho está perdido, não sabes onde é. Não sabes, qual deles é. Era este, o teu? Ou o meu?
O dia emudeceu. Tu com ele. Num cinzento mais frio. Mais calmo. Onde estiver. Lá estará. Talvez o vá buscar, qual o sol amanhecer. Não, tu não procuras sonhos. Não te deixas ficar cinzento como os teus dias. Deixa estar, perdidos.

A tua bengala. O dia nasce. De novo, e de novo. E nós, neles.




28.5.12

já não se pode


está uma pessoa a escrever (à antiga, caneta no papel) com a mão no queixo quando de repente ouve o outro a cantar de dentro da coluna do rádio "Tira a mão do queixo, não penses mais nisso".

Está bem.

Dizes tu. Vou continuar a escrever. E já sei que às vezes me há-de escorregar a mão para o queixo.


25.5.12

partilhas




Não, não irei partilhar mais músicas. Não mostrarei mais o que me faz sentir como me senti. Guardo-as para mim, fazem-me parte. Mas não adiantam, não são bandeiras que desfraldamos ao vento. As músicas que vivemos são para vivermos, não para nos manifestarmos. Ou talvez sejam. Também são, sim, manifestação, greve, revolução.

Mas não estou em revolução. E há sempre novas músicas para vivermos e nos fazerem parte. E as músicas também são esqueleto, pé, coração. São as pedras do caminho, o sol e os passarinhos. Somos nós, somos eu. Em partilha.
Ou não.




23.5.12

caraças



, pá, se eu hoje não dei por mim já por 3 ou 4 vezes com um sorriso alapado na cara.
Caraças, que não se percebe, hein.
Onde é que já se viu isto. Para o que me havia de dar.
Há coisas inexplicáveis, caraças.
Será do tempo? Das paredes brancas da casa por preencher de vida? Dos coentros? Das flores por todo o lado? Das sardinhas que estão quase aí? Das músicas descobertas? Dos novos livros que leio? Dos gelados? Do senhor do jardim?
Será das minhas pessoas, caraças?




não esquecer






de fazer planos para ser, e não para ter.










16.5.12

jeopardy





"Estado de uma pessoa a quem tão pouco importa uma coisa como o contrário dela."



Não me apetece. Escrever, visualizar, imaginar. Não quero pensar. Dá-me trabalho, pensar. Não quero aperceber-me dos pedaços de inverno em mim. Não me apetece ler. Nem ouvir. Não quero sentir.








cá dentro







É que mesmo com calor, mesmo com bons ares. Mesmo com a porta aberta e com canários felizes a cantar para nós. Às vezes, preferimos não sair da gaiola.




3.5.12

sparks






Os brilhos, os reflexos, as estrelas. Os restos de luz no fim dos dias. Os pedaços de brilhos, de reflexos, os pós das estrelas que deambulam, perdidos, por nós. Luzes difusas, jogos de claridades e escuridões. Iluminações indirectas. 
São só partes. Partes de nós. Incompletas. Pedaços de momentos bons, de momentos puros, de momentos verdareiros. Mas, pedaços. A fonte de luz, escondida. Ou talvez já desaparecida. A Anos-luz de nós, e nós sem o sabermos.