31.3.05

quando for grande quero ser um caracol.

Se algum dia houvesse em que pudesse trocar de ser, trocaria o meu ser por um ser caracol. É que assim deixaria a minha gosma por onde quer que tivesse passado, poderia elasticamente transpor obstáculos inimagináveis, até talvez andar (deslizar) de cabeça para baixo. Sempre que não me sentisse bem teria a minha concha, à justa para me encolher e esperar que a adversidade passasse. Teria uma rádula (nunca me imaginei a raspar comida). Sobretudo, teria apenas uns gânglios nervosos que me permitiriam (sobre)viver no mundo caracolídeo, sem nunca necessitar de ser informada que hoje esteve sol e muito calor. Até lá, terei que viver com este cérebro imbricado que Deus me deu, terei que pensar, questionar, mostrar inteligibilidade e trabalho feito.
Terei que manipular, estudar, ver precisamente, ouvir precisamente.
Terei que ir fazendo marcas, onde as quiser deixar.
Terei que sentir.
Terei que ver para além do que sinto, sentir para além do que vejo e terei para sempre de me arrepender de não o ter sentido. E até de o ter sentido.
Terei que me lembrar.
Porém não serei nunca comida por nenhum ser gigante com penas, bicos e garras, nem serei esmagada no quintal da minha avó com o seu pé para ser ofertada como iguaria às galinhas (que há muito pereceram).
Mas também nunca tive a ambição de ser uma caracoleta grande.

30.3.05

Estes servidores andam marados...

Tenho andado a perder-me no meio da (so called) blogosfera. Entre um blog (blogue? belógue??) e outro, e mais outro, sinto-me como um prato de bolognhesa: eu sou a parte da bologhnesa no meio do spaghetti. Algures no meio de tanto esparguete há coisas boas de se ler, e a minha leitura de vez em quando torna-se meio voraz... e vá de me agarrar a tanto esparguete quanto possível.
Entretanto, no meio de tanta leitura ainda hei-de passar da plateia omnipresente de leitores para o palco restrito dos comentadores/blogueiros (os apetecíveis quinze minutos de fama)...ou então hei-de fazer o contrário...afinal de que lado estou?
Tudo isto no fundo para provar a minha teoria de há muito (aliás teorias, que são duas): 1) este mundo não passa de uma gigante peça de teatro cómico-dramática, e
2) afinal a terra não pode ser redonda. Se não porque é que insistimos em perguntar “mas afinal de que lado estás tu?”??
Porém, se eu tivesse conseguido postar isto à primeira, provavelmente não teria havido espaço para tanta dissertação.

Outra coisa: é tão maravilhosamente humano trabalhar num sítio onde toda a gente passa a vida a sorrir e quando é a hora da cusquice ficamos a saber que todos se detestam mútua e intrinsecamente... e depois há os (as) estagiários (as), por vezes também conhecidos (as) como bolas de pingue-pongue.

29.3.05

foto-reportagem IV


Queria mostrar-vos as andorinhas, a andorinha que hoje regressou a casa. Mas elas são demasiado rápidas para o meu dedo. Queria mostrar-vos as suas melodias alegres, mas ainda não sei tirar fotografias de sons.
Elas andam por aí, algures na foto... Imaginem. Ouçam.

sexta-feira santa


O vento urge. Surge. Sente-se. A lua é cheia. As nuvens de branco lunar. Ao fundo da rua, Cristo na cruz.

foto-reportagem III


Cegonha's villas

Condomínio de luxo à entrada de Lisboa, boa acessibilidade à auto-estrada, electricidade incluída. Se é uma veraneante acabada de imigrar, não deixe de visitar o ninho-modelo!!

foto-reportagem II


Os sobreiros também fogem...

foto-reportagem I


Olhar indefinidamente e não-pensar, quase não-ser. Em cores de fogo.

em terras de pão e caça

(Devia ter começado a andar com o bloco de notas portátil há mais tempo)

Uma nova forma de registar os momentos, como se algum dia estes se escapassem da memória... Agora permanecerão para sempre, mesmo quando assim já não o quisermos. Será? Que existe algo que guarde para sempre as nossas memórias, mesmo quando já não precisamos delas? Porque memórias perdidas, desaparecidas, abandonadas... são memórias tristes.

(o bloco de notas portátil voltou com cheiro a lume...e com foto-reportagem incluída)

25.3.05

diz que são o melhor do mundo

Normalmente tenho uma certa aversão a putos (bem como a tantas outras coisas), mas a verdade é que hoje derreti-me com os que tive à minha frente!
Era tão bom ter a imaginação e a capacidade de inventar histórias que as crianças têm, ao mesmo tempo que as contam com o ar mais sério deste mundo...
"-Sabem para que serve este copo (pluviómetro)?
- Para medir as águas do mares...da Terra toda!!.....Não, do planeta júpiter!"

24.3.05

primavera cinzenta

Quando não se tem nada a dizer... mas se sente a falta de dizer algo... o que dizer? Será que por não ter palavras bonitas, graves ou cómicas me encontro num vazio? Talvez. Ou talvez apenas sinta que tudo corre como é, que tudo está... normal. Porque dentro da normalidade cabe tudo, desde que nos sintamos normais com isso. Ou amorfos. E vazios de vida.

23.3.05

As máquinas têm sempre razão

Pois sim, e quando elas não abrem o ficheiro que nós encarecidamente pedimos para transferir, estão apenas a manifestar a sua opinião. Há que respeitar.

GGGRRRRR!!!!!

22.3.05

bem, hoje jantei massa

Apesar da chuva e de tantos defeitos, há que dizê-lo com toda a simplicidade:sou uma gaja bem mimada, essa é que é essa. Chegam, fazem-me o jantar, arrumam-me a louça e põem-me bem-disposta. Ainda por cima ao som das baleias. O que é que se pode querer mais?

A massa estava muita boa.

:)

19.3.05

e o que é que jantaste hoje?

Uma pessoa a pensar que está a tirar um curso intensivo de auto-suficiência e afinal está mas é rodeada de mãezinhas. O que afinal de contas sabe muito bem. Nem muito, nem tão pouco, nem oito nem oitenta.
Mentira.
O muito e o pouco, o oito e o oitenta surgem sempre juntos. Como quando se pensa que não se tem nada, e assim que se pensa no nada que se tem, percebe-se que se tem tudo.
Demasiado sibilante? Não, é mesmo assim.

18.3.05

trivialidades

Como diria a minha cara colega hoje: achamos tão trivial enfiarmo-nos mato adentro como andarmos um dia inteiro envergar roupa fluorescente com bandas retrorreflectoras (ena, tanto rrr!)... Começo a entender que me olhem de forma estranha quando digo que sou bióloga.

Ah, lição do dia: o vestuário de trabalho é um mundo!!

17.3.05

a seca que se avizinha...

Pois, eu sei que é grave e que este ano é que vai ser, e que como diz a outra a nossa espécie vai acabar mais cedo porque vamos todos morrer de sede...é bem possível (e determinado).

Mas é que gosto tanto quando começo a notar os dias mais quentes, mais solarengos, mais longos, com mais passaralhos a cantar (a época oficial abriu a 15 de março), a andar com a janela do carro sempre aberta (ou com o ar condicionado, para os mais finos), a largar os casacos, e, claro, não mais largar os óculos de sol (achados finalmente e a caminho de casa!!!!!)
Renova-se-me logo o espírito...
'Tou p'ra ver quando chegarmos ao Verão...

15.3.05

a melhor fila de trânsito* da minha vida

A propósito de há uns dias toda a gente me andar a perguntar sobre uns senhores...

E de repente, descubro que ainda há coisas (músicas, sons) que me surpreendem. Com as quais consigo surpreender-me. E quando menos espero, um violino toca (me). E enquanto não saio do mesmo lugar, uma sonata leva-me a outras paragens, outros tempos que já foram meus. E onde parecia não haver nada a acrescentar, descubro outras paragens (e improvisos, e variações). E tenho de novo algo para procurar, para (me) tocar, para tornar meu. Para que um dia o mostre a alguém. Talvez.

Ando a descobrir umas coisas giras quando volto para casa...viva a minha irmã por ter memorizado no (auto) rádio a 94.4fm.

* - porque escrever "hora de ponta" ia decerto soar um bocadinho mal...só!

13.3.05

o nada que quero ser


reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te reduz-te

até seres um ponto.
Final.
Melhor,nada.
Assim, quando existires, só, feito de nada, serás apenas tu. Ou serás o que os outros quiserem que sejas. Sê nada até que alguém te faça ser algo.
Sê.
Reduz-te.
Nada.
Ninguém.

10.3.05

onde está o esquilo?


Pois é. Sofro de falta de timming. Não há hipótese. Sofro mesmo. Tudo no lugar errado, na hora errada. Às vezes não é bem tudo errado, são algumas coisas um bocadinho ao lado, só. Mas lá que é uma chatice... ou então é mesmo só receio de dizer o que mais gostava, de tal forma que os pensamentos ficam presos e só saem quando já não há perigo de sucesso.
Mais ou menos como esquilos em fotografias...

gentes!!

Gosto de saber que não estou sozinha. Gosto de saber que no silêncio (e como diria alguém, o silêncio quer sempre dizer algo), posso fazer vibrar a música.
Gosto de perceber que ainda há pessoas que me surpreendem. Gosto de me aperceber, de descobrir pessoas que valem a pena (não desfazendo as restantes, claro).

Mas...
Há sempre aquelas pessoas com que temos de alguma forma contactar e que por mais que tentemos, e por mais que comecemos de novo...nos irritam taaaanto!! Há que saber ter paciência e alguma ciência para de vez em quando engolir...em seco.

9.3.05

nada de mais

Porque é que vives rodeado de ti mesmo? Não te basta teres-te a ti? Não te percebo. Também não sei se te quero perceber. Não sei se alguma vez conseguirei furar essa casca feita de ti, porque é bem possível que tu assim queiras que o faça. Se eu for vivendo com o ontem estaremos onde sempre estivémos, e o futuro será para sempre o mesmo presente não desejado. Talvez um dia deixes de te questionar sobre ti, talvez noutro dia eu deixe de gostar do passado. Talvez então o tempo possa existir connosco e não correr sobre nós.

8.3.05

dia fechado para balanço

Há dias em que até parece que nem precisamos de nos esforçar muito para o dia correr bem... é só mostrar um sorriso aqui, alguma disponibilidade ali, espremer um bocadinho o tempo e...aproveitar os preciosos momentos que passamos ao lado dos que nos são mais queridos. Bem aproveitadinho, um dia pode dar para fazermos tudo aquilo que temos e queremos fazer.
É preciso é ter alguma coragem para nos mexermos.
Post(o) isto...até amanhã.

a planar por aí


Em baixo, as nuvens a amparar qualquer queda. A rasgar o horizonte, as minhas asas. Em cima, o infinito azul.

7.3.05

e ainda...

E outra coisa, sabe mesmo bem quando o dia corre bem, não é (cara colega ;))? Sentimo-nos...bem. Como se isso tivesse que ser uma coisa muito estranha. Ou rara.

Tenham bons dias.

mas agora a sério...

Ok, também houve qualquer coisa de mais séria neste fim de semana...da qual não me apetece estar a dissertar aqui (o que não é o mesmo que desvalorizar).

top das parvoíces do fim de semana-II

vocabulário explorado durante este fim de semana tão rico em...parvoíces!

O 'tergente (anterior ao fim de semana)
O t'fone (bem anterior ao fim de semana)
O 'strumento
A 'tografia
A 'caristia
Os clássicos tóclismo e tóclante.
...'ca 'estupidez!!!

top das parvoíces do fim de semana-I

Dissertações de almoço a propósito de injustiças alimentares...

A chave dicotómica das formas de consumo da batata (tubérculo com tegumento externo):
1- batata consumida com tegumento externo - batatinha assada a murro ("daqui"!!!)
batata consumida sem tegumento externo - 2
2- batata cozida - tudo mau...
batata frita (o cerne da questão) - 3
3- batata frita às rodelas - bom (as da minha avó são as melhores!)
batata frita aos palitos -razoável (geralmente congeladas, o que é mau)
(piqueno aldrabanço na chave) batata frita palha - bom no bacalhau à braz
(ok, esqueçam a chave dicotómica...) batata cortada aos cubos - sem exemplo disponível
puré de batata (que foi o acabámos por jantar depois...)- nice, especialmente quando tem o ovo por cima...

3.3.05

a precisar de mudar de ares...

"Num misto de animal social e anti-social, dependo tanto dos outros quanto necessito de por vezes me isolar desesperadamente deles. Outras vezes, não por desespero, mas por simples circunstância. Por uma simples questão de circunstância (ou de timming, como alguém por estes dias diria) descubro de novo o sorriso sincero de paz que tantas vezes me foge. Descubro a serenidade que uma vida simples pode trazer. E sinto o conforto de o perceber sozinha, e quase o orgulho de conseguir, por uma vez, optar entre a necessidade da presença de outros, ou a sua simples presença circunstancial.
Enfim, por aqui nada de novo."

Agora não é bem o caso...digamos que ainda bem que vem aí o fim de semana...até depois.

2.3.05

sem querer dar lições a ninguém...

Com tanta gente por aí, gente que nós gostamos, que nos quer bem, e acabamos por não nos dar a elas. Lembramo-nos, esta pessoa precisa de mim, tentamos por breves momentos dar-lhe atenção. Quando nos voltamos a olhar, estamos no ponto de partida. De novo. Sempre agarrada, presa à minha carapaça electrónica (vêem como já mudei de pronome pessoal?? Do “nós” ao “eu”, foi um instante).

1.3.05

um dia de trabalho, como tantos outros...



Era uma vez... Numa certa e determinada serra mandada florestar por alguém certamente não totalmente são, num certo dia frio do início do mês de Março (início mesmo), numa certa curva apertada com direito a uma passadeira onde nunca ninguém reduz a velocidade do seu auto-próprio, uma certa menina/senhora/míuda/gaja sentiu o seu carro (por enquanto) fugir ligeiramente devido ao gelo acumulado na noite anterior (a mais fria do ano, por sinal). Nada de mais, continuou como se o tal do dito do carro não tivesse conta-rotações (e não tinha). Até aqui tudo em ordem, o esquilo continuava a roer pinhas no cimo do pinheiro-de-alepo (Pinus halepensis, seus incultos, aposto que não sabiam), tratando de fazer pontaria aos carros estacionados, enquanto o jardineiro continuava a empreender a tarefa parpétua de varrer os restos deixados pelo próprio do esquilo.
A partir deste preciso momento, no entanto...tudo se pode ouvir/ver/dizer/pensar/fazer...ai pode, pode!! Árvores a ranger/tremer/SALIVAR (por causa dos furos, coitadas)/a serem abraçadas... Arbustos a atacar seres humanos (eu vi!) com os seus ramos duvidosos a surgir por todos (mesmo todos) os lados. Barritas e bolachas que atingem o estrelato. Corda, muita corda cor-de-laranja e verde fluorescente. Bússola(s) cheia(s) de símbolos e letras. Roupas estranhas (believe me!). Estados de espírito variando entre o alucinado, trombudo, alegre, despreocupado, em pânico e tarado.

Não sei, diz que é do ar...
Pode ser.