31.10.12

falhar



Começo uma coisa.

Não consigo acabar. Abandono. 



....





sonhar para sempre





Fazes asneiras, o que te apetecer, quando calhar, não importa - são sucessões de sonhos, de desejos, nem sempre de realidade. Quase nunca. Sons. Vê-lo, deambulas por aí. Perdes o teu propósito enquanto do lado de fora da janela cheia de carros, pessoas deambulantes, gases de escape, chuva. Não há verbos.

O dia choveu-se. Pingaram as coisas, as cores, as horas. As tuas certezas, esvaídas na sarjeta entupida. O cinzento do céu nas tuas rugas de expressão. 

Pensas que fazes asneiras.

O dia choveu. Caíram os sonhos, os verbos, as certezas.

E chegou a noite quando acabei de chover.


 

26.10.12

nós




Queria escrever qualquer coisa de como somos capazes de nos sentirmos orgulhosos por termos quem se orgulhe de nós. De nos orgulharmos em receber esse orgulho. Ou de nos sentirmos felizes. Ou afortunados. Mas esta coisa de nós, de sermos nós e de não nos apetecer, e de termos estes nós por deslaçar. E não sabermos como o fazer.







17.10.12

só assim





É bom quando se descobre um sorriso, escondido no canto de uma fotografia, entre dois acordes da canção, nos olhos de quem te olha.
Um sorriso nas palavras escritas que te chegam no correio, na fugaz passagem de quem segue caminho.

Deve ser bom quando se descobre um sorriso em troca do que se perdeu.





7.10.12

série de






manhãs.



3.10.12

desconsiderar




Há sempre duas ou três pessoas a deambular por aqui.

A propósito, lembrei-me que me disseram uma coisa interessante acerca da minha personalidade, de que nunca tinha tomado consciência.

Mas isto já foi há umas semanas, já não me lembro do que era.




2.10.12

ponto



Oiço o som. Naquele som, estão todos os pontos, traços, caminhos feitos, desenhados, programados e desejados. E num único ponto, tanta vida que se revira. Muda, revolve, desaparece e reaparece. Naquele ponto que ouvi, há muito tempo (parece sempre tanto tempo), não existia o futuro. Não poderia lá caber. Os presentes nunca são os futuros que imaginámos nos nossos passados.

Caminhei muitas vezes ouvindo aquele som. A esperar que não fosse aquele o caminho. Mas foi, é este mesmo. 

E hoje, estou noutro ponto. A ouvir o mesmo som.