14.9.11

do sofá direito beije



e fui
E ela já não se ri. Não sei, sequer, o que ela quer dizer. Sei que é como se me visse pela primeira vez, ainda mais desconfiada que o costume, que os anos já lhe pesam e ela já não está para aturar coisas.


Mas sempre, sempre, a esperança de que aqueles olhos de amêndoa tenham lá dentro a curiosidade atenta que sempre tiveram no seu modo de olhar. 

Que, no fundo, haja ainda um pouco dela, e de nós, ali.




6.9.11

do sofá curvo castanho


A minha avó é daquelas pessoas que ria com o corpo todo.
Os ombros tremiam, as gargalhadas ouviam-se na outra ponta da casa, se preciso fosse (como se a casa fosse muito grande). As lágrimas chegavam a saltar pelos óculos, e a sua dentadura tornava-se mais perfeita e alinhada que nunca (também nunca lhe conheci os dentes originais).

Não sei porque me lembrei disto. Tenho que lá ir.





2.9.11

série de







descanso. estar. abraçar.



amolador



Logo hoje*, que o dia raia os 40º, dou pelo som da harmónica a entrar pela janela. Aquela, verde de plástico, de brincar. Diz que os amoladores adivinham chuva. Sempre mo disseram. No fundo, acho que não, mas é sempre do que me lembro ao ouvir a harmónica.




* Claro que não foi hoje. Mas tinham razão, parece.