28.5.09

comum

Metro. Gente. Lugar vago.
Alguém à minha frente.
Uma rapariga.
Um traço.
Um risco ao meio. Como eu.
Que história em comum terás tu comigo, rapariga?
Que semelhanças terão tido um dia os nossos corações?

eu não sou




Este é o pensamento de alguém que acredita



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que não é estúpido. Um falar, um



eunãosouestúpido eunãosouestúpido eunãosouestúpido eunãosouestúpido eunãosouestúpido eunãosouestúpido eunãosouestúpido eunãosouestúpido eunãosouestúpido



monologar de si para si mesmo, de quem sabe o que não é, mas que afinal de contas



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não sabe tão bem o que é à sua volta.







26.5.09

sinto




que estou a travar uma guerra.

Dentro do meu dedo.
Com armas de destruição massiva enviadas de oito em oito horas.









25.5.09


Olhar a palma da mão.
E vislumbrar o infinito.



21.5.09

amanhã.


"Olhar a praia sem pensar é acreditar em sonhos".






Olhar. Desde o céu esmagado no horizonte ao fino grão de areia colado no pé. Sentir o cabelo a mexer, a remexer o ar, o ar a empurrar a água, a água a enrolar-se em duras ondas, as ondas a desfazerem-se em espuma dos dias que passam.


Todos os dias que passaram, que não aconteceram, porque no meio, no horizonte, em tudo, amargura, um azedo não sei de quê, de limão espremido na ponta da língua, de tal forma que não entendo, nunca entendi. De onde, porque sim, como não.


E aí vais, uma vez mais, sem os dias passarem por ti. Sei lá eu o que tens aí dentro, sei sim que olhas por olhos diferentes dos meus.





Olhar, apenas.


Acreditar, só.


E os sonhos a erguerem-se do azul do mar.



Ali à frente, lá.



*19/05/09*

11.5.09

é

isto que um gajo faz quando tem sono.

Perdão, um gato.
É, sou eu a tentar escrever no computador.
É o pato Donald, é. Está a olhar de lado na minha secretária, está.

série de


às vezes, tardes de sol.

o que não existe|conto seis









E, de repente, abriu-se naquela palavra um abismo para onde caí, uma vertigem demasiado rápida e alucinante. Como imagens velozes de um filme em que se viaja no tempo. Se calhar é isso mesmo, o amor. Um lugar em nenhures onde não há tempo, porque se está em constante queda. De um tempo para um outro.











10.5.09

são coisas demasiadas

Eu sei que todos sabem, porque é o tipo de coisa que está sempre a acontecer.
Mas,
como é que as pessoas desaparecem assim e pronto?

4.5.09



antes de entrar na água escura.





há dias

Lembro-me de há tempos ter dado um dia por terminado. Suponho que como se dissesse que nada mais havia a fazer por ele.

dicionário de absurdos - 2




Uma espécie de insónia mas ao contrário. De dia e com sono.
Chama-se
Eu.








1.5.09

mundo demais

Desculpai-me, pois, daquilo que não sei o que é.
É que às vezes é qualquer coisa demais. E então é como que uma goteira do tecto velho, uma intrusão magmática no solo, uma cunha salina que vai subindo pelos meus rios da alma acima e sufocando em sal tudo o que era vida aqui.
É o cansaço, parece, de viver num mundo a girar mais rápido que eu.