28.5.08

série de

*


90. Renascer.


*esta, do djs.

é por isto






Como é que se resolve uma coisa que não se consegue resolver sem resolver uma coisa que não se consegue resolver se não se consegue resolver essa coisa?




27.5.08

a inimiga tartaruga



Há pessoas que falam sozinhas, têm até longas conversas consigo próprias.
Eu não falo comigo.
Consigo sim, verdadeiros diálogos com os que conheço, pessoas reais, mas com quem só converso na minha cabeça.

Pudessem vós saber o que vos digo vezes e vezes sem conta...



Uns surdos, outros mudos.

À laia de provérbio de aldeia.


gotas
















A água cai invariavelmente sob a acção da gravidade. Mas nunca sei o que fazer com os aguaceiros que vão passando e que deixam tudo invariavelmente molhado.














26.5.08

série de




um-só-bigo.

medições

As dimensões não existem. As relações são tudo com o que podemos contar.
Maior que. Menor que.
Igual a.

21.5.08

mirtilos

Conheci, há muito tempo, uma rapariga. Pessoa como qualquer uma, alegre, simpática, com as exaltações de todos os dias.
Deixei de a encontrar.
É que também ela tinha deixado de se encontrar. Vi-a, muito depois. Perdida dos dias, das exaltações, das expressões. Com o infinito preso nos olhos. Sobrevivendo na ausência de si. Os sorrisos vagos e levemente perdidos. Os ombros encurvados e o cabelo como se a vida tivesse, em vinte anos, passado - o grisalho de um peso maior que o mundo.
O peso do vazio, do infinito preso, do sorrir que teima em fugir, enganados num filme, num passeio, numa exposição.
Na rotina dos dias.
Confesso, tenho algum medo que ela seja eu.

19.5.08

estado da arte

Ando com demasiado sono para purgar aqui o que quer que seja.
Que sorte, hein?!

14.5.08

série de


rosinha dos limões.

far|o





Tenho um cheiro entranhado no nariz. Logo no meu nariz, que odeia a maior parte dos cheiros que são devidos a cada pessoa.

4|4





Transparent you. Vejo-te através do mundo.
E os dias sabem a brilho no canto da boca quando lhes cheiro o calor do sol. E só uma música simples cabe nesse momento ínfimo, de infinito.
Arpejo o lá menor, depois o fá maior, o dó maior, sol maior.
Cada um em quatro tempos. Um círculo quadrado de tempo. Desço do dó para o lá. E tudo escorre nesse arpejar contínuo, e nesse círculo tudo pode ser entendido.
Nada do que dito. Entendo.
Contratempo. Modulo o tempo, o espaço arqueia-se. O tempo quadrado transforma-se, reforma-se. Mas os arpejos escorrem, em contínuo.
Continuamente.
Luz do sol que não dito, não digo, não sou, entendo.

12.5.08

estética moral







Os defeitos estão na forma, não na acção.

Sendo que as acções têm uma forma para existirem, poderão elas ser por si só alvo de juizo de valor, ou é a forma em que são "accionadas" que lhes confere esse valor e as torna objecto desse juizo?
O que é que eu acabei de escrever, mesmo?

7.5.08

crescente

Não sei em que quarto da lua moras. Enches-te de luz para logo depois te esvaziares até ao profundo negro da sombra.
Dias fazendo girar as noites.
Giras, iluminas, escureces, em rotação-translação universal. Balanças. Oscilas, que um tímido raio de sol agora mesmo se reflectiu nesse quarto da lua onde moras.
E os gatos da janela, observando.


5.5.08

factos




O que é certo é que o meu sistema digestivo só acorda uma hora depois de mim. Excepto o meu estômago, que parece ter uma dependência aguda de comida, capaz de me fazer acordar. Já o meu cérebro, suspeito que seja capaz de dormir dias a fio.

série de








Chorões parasitas e formigas infinitamente pequenas à boca do inferno.