20.9.12

viagem







Na última lua cheia, não paravas de me gritar. A lua, a iluminar-me, ao caminho, e as sombras, que se deviam ter desvanecido durante a noite, a perseguir-me. A gritar. Fugi de ti, das ligações, das memórias. Carreguei no acelerador, confesso, mas só assim se podia fugir da sombra que a lua cheia teimava em formar. Aumentei o volume do som. Pelas colunas, músicas cheias de raiva e desamores. Dexei de ouvir os teus gritos. Não quis saber. Gritei eu, uníssona com o rádio.

A lua, a iluminar o meu caminho. Acelerei para longe. Porque aquele era o lugar para amanhecer um dia novo, em silêncio.





4.9.12

palavrar





Tento encontrar sempre as minhas palavras. Nem que as tenha que criar, inventar, memorizar, nem que tenha que doer até as conseguir formular. (Diz que é uma espécie qualquer de exercício que devo fazer.)
É duro. Nem sempre acontece. Nem sempre, ou quase nunca, me faço compreender.

E se é assim, se nem sempre as palavras acontecem em mim, nada a fazer. 

Calar.

Ou pegar nas palavras dos outros.

"Não sei flutuar nas nuvens como você
Você não vai entender
Que eu não sei voar
Eu não sei mais nada"