31.3.06

observação II

O mundo anda a encolher a olhos vistos. A pessoas vistas. Cada vez mais.
Um dia destes começo a sofrer de claustrofobia. Ou de anti-socialidade.
Ah, não, disso já sofro.

observação I

Hoje pareceu-me ter visto o Pessoa ali a passar pelos Arcos. Não fosse o facto de nunca o ter visto, e podia mesmo apostar que era ele. O chapéu, os óculos, a pasta. A estatura devia ser aquela. Não estão mesmo a imaginar?
Era mesmo o gajo. De certeza.

29.3.06

*suspiro*

26.3.06

fatalidades

Ora ia eu começar mais uma prosa poética acerca da dificuldade de querer escrever à luz de um globo (terrestre, daqueles com lupa e tudo) sobre a pequeníssima probabilidade de as recordações de esplêndidos dias passados terem algures sido mesmo reais e de que quanto mais me ponho a rebuscar esses eventos memoráveis me dou de caras com um presente cada vez mais cinzento e chuvoso (sem desprimor para aqueles que apreciam a cor cinzenta e a chuva) mas o filamento da lâmpada de 40 Watts do candeeiro da secretária sobre a qual tenho o computador resolveu desfazer-se em fanicos e não me deixou continuar a dissertar como eu tinha planeado neste post porque em vez de cinzento o presente tornou-se negro e ilegível logo após um momentâneo clarão.
Bem-hajas, lâmpada de 40 Watts.

febre de sábado à noite




A nostalgia é um grande empecilho, é o que é. A espectativa também anda lá perto.


Resta saber o que é que, de facto, empecilham.



(Quero ver o sol nascer.)

24.3.06

e hoje...



... nada?





Nada.
Por onde andas, que preciso que me preenchas este vazio.
Tenho saudades de quem eras.

cada passo

Passo Pela noite. Descanso.
Passo
De manhã. Um só (passo). Em tamanho pequeno.
Passo
E o Sol sobe. E o dia passa.
Passo
Apressada, sem sinal de mim.
Passo
Sem querer. Passaste por mim.
Passo
Relutante. Espero pelo próximo comboio.
Passo
Por todos.
Passo
E ninguém passa por mim.
Passo
A passo.
Passo
O dia.

E em memórias recônditas da inconsciência, passo pelo temor do meu desejo.

23.3.06

vícios




É o silêncio antes do silêncio.

Martelos a bater em cordas.

Ouvir o som antes do som se formar. Um baque surdo por dentro. O som do que ainda não ouves cá fora.

Feltros, cobres, ébanos e marfins.

22.3.06

oh! como é que me fui esquecer?!




Como me esqueço todos os anos... mas desta vez só por um dia (progressos!).

Parabéns catarina/manel/bicho/bicha/esdraszinho/turtle/tartaruga.


como é que se chama alguém oriundo do império austro-húngaro?



(esta é hugotopia)


Parece que o Franz também andou por aqui. Só falta ter lido "A Metamorfose". Li? Ah, pois foi. Ó diabo...

21.3.06

o post estiloso de qualquer blog que se preze




Parece que o contador ali do lado fugiu por breves momentos para paragens incertas.

Que se lixe, agora estou a ouvir a
radar.



20.3.06

save me*

Só depois das zero horas reparo que não me estou, que fiquei para trás, que não há nada aqui. Que se calhar vivo dentro de uns headfones a debitar-me para os meus próprios ouvidos. As letras em formato qwerty atiram-me para trás, lá para trás do que vês. Onde há um eu a vestir a minha pele e a encarnar a minha personagem.
Sempre o mesmo filme a rodar.
Sempre os mesmos tus, os mesmos eus, os mesmos lugares, os mesmos sons, e pessoas e gestos e sítios e músicas e eus que não vão existir aqui porque ficaram , atrás de mim.
apetecia-me tanto desaparecer.
*from the freaks who suspect they can never love anyone. aimee mann

19.3.06

De vez em quando desapareço-me. Acho que alguém desligou o meu interruptor.
E depois, desapareço daqui.
E é só.
Mesmo.

14.3.06

quarto crescente


Diz-me lá (tu) que lua vês.

lua cheia


Pois talvez seja como uma lua em fogo ter-te aqui ao lado e não (te) conseguir agarrar.

história

Era uma pessoa que, tendo chegado uma nesga de sol à terra, resolvera ir visitar o mar.
Dizia-se que estava mal resolvida da vida.
Não a tenho visto vaguear por cá nos últimos tempos.

13.3.06

expirado

O meu leitor de cd's (aquele que lia uns segundos maiores que outros) foi-se. Rezam as crónicas que terá sucumbido às leituras maníaco-depressivas que efectuava dos discos compactos em minha posse.
Não se percebe.

happy days

De todo o campo visual, em dezenas e dezenas de graus de distância angular, havia um pequeno vértice que lhe era vedado.
O cantinho do olho.
O olhar da perdição.

12.3.06



Mas a vida não é como a dizem nos Blogues.

Sabeis disso.





cama à janela




É bom acordar com o sol a entranhar-se nos lençóis.
Já cheira. Já chegaram as andorinhas.


às voltas

E o raio do cão que não se calou toda a noite.
O som de carros a passar não tem nada de lírico, já estou habituada.
Mas o cão tinha um ladrar de querer dizer-me qualquer coisa. Um som de consciência.

9.3.06

kyrie




Estás de mal com a vida. Não gostas de ninguém, não confias em ninguém. Ninguém te merece. Recusas porque sim. Porque não. Porque és do contra. Se alguma vez esboçaste um sorriso, foi pura distracção. E aí estás. Despojado. Morto. Estendido no chão molhado de chuva. No fim, até o teu sangue rejeitaste. E nunca te arrependeste.
Só porque há vidas em que o orgulho tolhe mais ainda que o amor.

8.3.06

metro: chiado

No fundo uma escada rolante não é mais que uma sucessão geométrica de cús a mirar e a serem mirados.

porque vim respirar à tona de água



Fé é no meio da tempestade ter a certeza que no fim o saldo vai ser positivo, seja lá como fôr.


E um sorriso na alma.




hhhaaa*





(*-entoar com a sofreguidão de quem respira as letras depois de uns tempos debaixo de água)

5.3.06

um frio quente





Cova da Beira.
Disseram-me algures que a preto e branco ficavam mais bonitas...
Lá isso...
(Não queria cá voltar tão cedo, mas as imagens sempre me falaram mais alto. Talvez fiquem só os bonecos e eu não volte.)

2.3.06

olha, não sei

Vou e pronto.
Adeusinho.

não-manifesto


Hoje quero implodir-me. Porque ontem cheguei pior do que parti. Alguma coisa está stuck in my head. Pode ser que o ar puro ajude (duvido).
Como se o que diverte tivesse mudado de sítio.
(estranho)


Já as mines paneleiras terão que ficar para outros dias.
É a viding?


1.3.06

e mesmo assim

Só Deus sabe como é que aqui vim parar. Não faço ideia de como, ou quando é que vou sair daqui. Nem para onde. Porque é que raio cheguei ao que cheguei. Mistérios insondáveis.
E mesmo assim, tem sido suficiente para sorrir. E apanhar Sol.
Que não me confundam. Nem me interpretem.
Mas não sou eu que sei.