30.12.05

sopros


"Hoje apeteceu-me por-te a minha mão no teu ombro. Nunca trocámos um abraço sincero. Nunca nos dissémos o que realmente nos éramos. Dizem que há coisas que não precisam de ser ditas, de tão sentidas e vividas. Nunca te porei a mão no ombro. Aquilo que somos e que não ousamos dizer jamais o permitirá.
Quando ainda ontem me ignoravas, e eu me tinha enjoado de ti."

escuro

Há sons de que não me consigo separar. Há pianos e violoncelos que.
É belo.
E doentio.

28.12.05

mortes cordiais

Gostaria que tivéssemos tempo para trocar umas palavras, quando me visitares.
Talvez chegues cheia de pressa, sem avisar.
Talvez não consiga ainda olhar-te nos olhos. E em vez de trocarmos umas palavras eu fuja de ti. Como a tua irmã Vida me foge por vezes.

não adianta

Não adianta fazer planos. Só é certo o incerto que será. Não adianta cantar, não adianta tocar, não adianta escrever. Não sou isso que pensas. Não adianta esperar. Não irá chegar mais ninguém.
Eu não adianto.
Tu não me adiantas.
Já não.
Porque deixámos de ser o que fomos.

26.12.05

very tipical

Vivam as tradições portuguesas mais os pais-natais-de-polyester-made-in-china que tentam desesperadamente assaltar tudo o que é casa neste país.

E já repararam nas músicas que acompanham os reclames televisivos de tudo o que é brinquedo infantil?Atentem num qualquer anúncio de uma barbie ou nenuco, e tenham a coragem de não concordar que não existe coisa mais irritante. De certeza que há ali mensagens subliminares.
Não sei é a dizer o quê.

20.12.05

missa do galo

Até para a semana.
Até dia 25, o primeiro dia do resto dos dias do mundo. Até ao dia em que o Sol será mais brilhante, a chuva mais risonha, a tempestade mais honesta. Até lá, até ao primeiro dia de serenidade, até ao primeiro dia em que não chorarás de dor porque nenhum Homem te despedeçará o coração, em que não precisarás de vingar a dor dos teus filhos. Até ao dia em que a Natureza sorrirá para ti, porque finalmente aprendeste a amá-la. Até ao dia em que não estaremos a comemorar o aniversário de alguém, mas estaremos apenas gratos por ter nascido o Amor em nós.
(nunca estive numa missa do galo...)

18.12.05

é que fiquei mesmo lixada

E de repente (só assim, de repente) irritou-me essa facilidade de colocar os outros à disposição. Como se não tivessem vida própria. Pois sim, ninguém tem o direito de pedir para alguém abdicar de si. Pois, mas não, nem sempre me agrada (embora quase sempre o aguente) ser tratada como a empregada ao dispôr. Nem sempre me agrada (embora a maior parte das vezes corresponda exactamente a essa imagem) ser a nulidade em pessoa, a que no meio de tanta gente inteligente, formada e com algum (discutível) status estuda os "bichinhos" e pratica a "caridadezinha" tão gira e simplória.
Como se não estivéssemos a falar de alguém que precisa da nossa ajuda e que, só por acaso (só), é o elo (mais fraco, sim) que nos liga e que pelos vistos malogradamente nos faz ser tios, primos, cunhados, sobrinhos, filhos e netos uns dos outros.
É que nem para isso me pagam (e a pagar, seria muito bem paga).
C'um caneco!

logo se vê II

Com o tempo, acabamos por relativizar tudo.
Até a moral.

logo se vê

Com o tempo, acabamos por relativizar tudo.
Até as emoções.

17.12.05

espelho


É o vazio que invade estas linhas.
Fazes-me falta, mas não te sinto falta.
Não estou contigo, mas vais estando por aqui.
Olho-te pelo canto do olho, mas tu não me vês.
Não me é necessário chamar-te, mesmo que amanhã já não me respondas.
Mas amanhã vou sentir a tua ausência,
vou querer estar contigo,
olhar-te nos olhos,
chamar-te.
E o vazio que invade estas linhas será insuportável.

16.12.05

quando um sentimento nos bate à porta



"Quem é?"
"É a Esperança."



Não é bom ouvir esta resposta por um intercomunicador?

14.12.05

mudei de wallpaper


Fotos daqui e daqui.

Neve, neve, neve, neve.

Bolas, bolas, bolas, bolas.

Palhaços (finos).

Putos com pais mal-comportados.

Sorriso.

Gargalhadas.

Fim!

13.12.05

o fim do princípio



Assim se começa. Assim se acaba.
Poderá ter acabado o que ainda agora começou. E começado o que já estava acabado.
Circunferências perfeitas.

11.12.05

boa noite



A realidade perdeu-se, para sempre enrolada num mundo teu. Num mundo cheio de memórias, histórias, daquilo que sonhaste. Até daquilo que viveste. Perdi um pouco de ti, perdi um pouco do meu passado. Perco-me no teu mundo, e por isso me agarras a mão fria tão desesperadamente. Com medo de me perderes. Mesmo que já não saibas, nós sabemos que nos terás sempre contigo.

"Como uma chama de uma vela que todos os dias perde força..."

viagem à lua

Nos dias de Sol, há alguém que guarda para si todas as nuvens e tempestades.

8.12.05

estado líquido





"Aprendeste a não confiar.
Já nasci sem essa capacidade.
E às vezes, se te proponho que confies, já não consegues.
É palavreado que não entendo.
Seduz-te, aquilo que não entendes.
Seduz-me conseguir, ao longe, adivinhar-te."




7.12.05

com nuvens

Jurei um dia não me tornar em reticências como outros faziam. Mas hoje, cá estou. 3 pontinhos, não mais, não menos.
Não obstante juras eternas.
De boca fechada com conformada insatisfação. Em acomodada inrealidade. A formar a não-realidade.
Sem vocabulário rico. Sem qualquer vocabulário disponível.
Com colónias de fungos esbranquiçados a crescer à superficie da água estagnada e artificialmente tépida.


4.12.05

regras são regras

Hoje apetecia-me espetar aqui Campos, Pessoa e Cummings, mas o meu livro de estilo não mo permite.

2.12.05

informação útil



Como uma ventoínha de computador pode ser tão útil no aquecimento das mãos...

há coisas muito estúpidas

Mas porém... fundamentais.
E há outras coisas, também. Menos estúpidas, mas porventura menos fundamentais. Fundamentais não é a palavra certa.
Mas também não importa. Porque é que te-me-haveria de importar?
E também há coincidências que me vão polvilhando a vida. Para me irem deixando de queixo caído.
E também há cegueiras crónicas e instantâneas, como a mousse de chocolate. (é muito mais difícil escrever encandeada, só vejo filamentos de lâmpadas à frente)
Há crostas a cair. Mesmo que ainda não se tenha formado pele por debaixo.
Há luz. Demasiada luz. E sons psicadélicos.
Não, não é a disconight. Mas esta cor bem que podia sê-lo.