27.1.11

dói




Sabes que sofres não porque perdeste a oportunidade de pedir perdão, mas porque magoaste alguém (que não meramente alguém) com as primeiras palavras irreflectidas que te saíram da boca.

Percebes que a tua fúria pode mesmo fazer doer (-te). E agora já é tarde.





lugar




Que é difícil.
Tudo.
O maior, o menor.
O vento, difícil. Frio, cortante, devastante (se tal palavra houvesse).

O tempo. É difícil o tempo.

Tu. Seres tu e pessoa, e coerente, e esforçada, e boa, é difícil.

Tu és um lugar difícil para viver. Para ir passando, sim, para viver... difícil.


24.1.11

de segunda feira



Hoje está frio frio frio. E cinzento cinzento cinzento. Hoje sou pessoa de calmarias. Porque sinto falta do tempo. Sinto falta de um certo silêncio, de uma certa proximidade com o céu. De quando a minha cama era o meu sofá, e a janela, o mundo.

O quadrado de árvores à minha frente arrepia-se de frio. Nem as aves deambulam por entre os ramos (pombos não contam, claro).

Hoje, sinto tudo, parecendo que tudo falta.

Sinto as frieiras das mãos a estalar.

Sinto muito.

11.1.11

o primeiro pôr do sol







É assim que se começa um ano. Um daqueles, novinhos a estrear. Com o horizonte no longe infinito, com o Sol por entre nuvens, é lá do alto que se começa, com os reflexos dourados a iluminar o caminho.
Um novo caminho.
Daqueles novinhos a estrear.

Queria um ano assim, de por do sol. Queria sol, e caminhos, e árvores e verde e longe. E que caísse, para lá do abismo, naquele horizonte de onde nada volta, que ali caísse o outro. O ano que acabou.


*data curiosa.