29.6.08
28.6.08
25.6.08
(i)responsablidade
... é acordar exactamente à mesma hora a que o despertador era suposto tocar, se por acaso me tivesse lembrado de o ligar.
24.6.08
estação terminal II
Era uma vez, uma miúda que tinha a música concentrada nos dedos dos pés. Quando chegou, entre-espaços, adivinhava-se-lhe a melodia do mp3 olhando para eles.
Gosto dos meus chinelos de Verão. Independentemente dos joanetes que os suportam.
23.6.08
estação terminal
Silêncio.
O zunir de metal sobre carris desagua num ensurdecedor comboio. Abruptamente. Em segundos, os intensos décibeis desaparecem, deixando as ramagens e os pardais. Uma sucessão de janelas derrama-se pelo olhar. Um dedo inquisidor assoma numa, um cotovelo cheio da sonolência do tédio da sua vida, noutra. Uma cara fugidia. Um olhar distante, de procura. És tu que me vês ali, e o Sol encandeia-te, e o ruído eléctrico ensurdece-te. E ficas sentado no mesmo banco com ramagens e pardais, e eu passo veloz e ritmicamente, retornando e desaparecendo a horas certas.
18.6.08
consulta para aquele que viaja
Daqui a um par de meses vou estar imune a tudo e mais alguma coisa.
Excepto talvez a pessoas imbecis, esse grande flagelo da humanidade.
Curiosamente, o apoio mútuo também faz parte da prescrição médica.
Se sobreviver aos comprimidos e injecções, darei notícias.
ai a minha vida
Hoje, aprendi que este verniz não é compatível com a prática desportiva.
O verniz das unhas, das unhas.
De resto, só desaprendo.
17.6.08
11.6.08
conto em pequeno
Chegou, e um cheiro desleixado a café invadiu-lhe os sentidos. Antecipou a bebida, engolindo um pequeno prazer bem degustado. Abriu a janela, e deixou-se estar. Cheirava a casa.
meteorologia
Hoje, o tempo goteja, sugestivo.
Hoje, desperdicei-me no meio do calor viscoso.
Hoje, a previsão mantém-se, a melancolia da música também.
8.6.08
sobre o azul
Gosto das sombras indefinidas que adormecem em mim. Pedaços de mim que dormem sobre este azul. Talvez um dia acordem e se transformem em objectos cortantes. E rasguem de novo as entranhas que de mim desconheço.
2.6.08
há tempos
Dentro do tempo também há espaço para o vazio. Ele também tem o direito de fazer silêncio connosco. E de não nos responder. Há que encontrar tempo para o seu silêncio. Há que fazer silêncio com ele.
E quando se torna vazio, o tempo ganha imensidão. Não se move. E por muito que nos mexamos, pensemos, sonhemos... pesa como um bloco de cimento sobre as têmporas. Esmaga, mói até ao último osso. Prende-nos ao vazio. Por isso a angústia.
De longe.