29.12.08
Ela conhecia a minha história. Não sei porquê, suponho que hajam pessoas que conhecem as histórias de nós. Haja até quem conheça sem saber de quem sabe. E no fim todos sabem o que nem nós queremos saber de nós.
Pergunta-lhe. Queres saber a minha história?
absolutismo
Em certas alturas apetece-Me mostrar tudo a toda a gente, tudo o que é meu, que Me pertence, o que Eu ganhei, o que Eu fiz, o que Eu tenho, com quem Me dou, quem adoro e quem odeio, tudo a todos e EU por todo o lado e tudo MEU, e tudo o que sou e penso e digo tudo em todo o lado.
Todo lado. No mundo todo.
EU.
28.12.08
let go
Larga o confronto que queres, mas que não consegues enfrentar.
Alivia. Até soprar de novo apenas uma brisa.
quote
"e, nesse momento, não lembrar de mais ninguém"
"livrei-me de vez da sombra de uma ou duas criaturas, que se me colava às canelas e me puxava para baixo, como as correntes dos condenados."
Eis uma espécie de mote para o que quero escrever no fim de 2009.
Deve dar tempo suficiente, não?
(é, ficou a marinar nos rascunhos até hoje - 4 de Janeiro... mas sempre ficou com os tais parágrafos)
26.12.08
25.12.08
reflexo
Raios, custas-me bem mais do que eu poderia supor. Quanto tempo é preciso esperar pelo tempo?
Não quero saber, não posso, não. Hoje, há coisas bem maiores que o meu remoinho insistente para o vazio. Há outras pessoas, outros sóis. Outras simplicidades mais bonitas que a minha complexidade. Ou até que a tua, quem te dera.
24.12.08
para amanhã
and it rained all night.
Noite baça, o Sol tinha caído à medida que o nevoeiro se instalava. Tudo estava fechado, em lado nenhum uma bica quente. Só se vislumbravam silhuetas normalmente disformes para a época, formas de pessoas atravessadas por objectos estranhos, caixotes volumosos, sacos cheios de matérias. No escuro, as luzes espalhavam ainda mais os amarelos, azuis, vermelhos (escarlates?). Não, não se fabricam lâmpadas de cor escarlate.
Poucos carros.
Silêncio.
Algo de novo. Algo de tão rotineiro.
Hoje, consoada.
23.12.08
um lugar chamado casa
Até que um dia (uma noite) conversamos durante horas e apercebemo-nos de que há músicas a tocar que nunca tínhamos ouvido. E, caramba, é curioso, parece a forma redonda de dominantes-tónicas nos graves que às vezes invento nas outras teclas.
17.12.08
16.12.08
a escrita, a escrita
Era verão e naquela cidade todos passeavam pela rua, vendo as casas por onde passavem e descobrindo novas imagens lá dentro. Todas aquelas casa haveriam de estar cheias de histórias por desvendar. Seguiam pelas ruas e observavam casas e casas de cores variadas, imaginando pessoas e dias passados lá dentro. Assim se faziam novas memórias, e novas histórias cresciam para aquelas casas. Até que alguém encontrou, finalmente, uma janela aberta. Uma velha e um gato espreitavam. O gato olhava os peixes; a velha, as memórias.
eu não disse?
As palavras são
caixas para pôr conteúdos lá dentro.
Há palavras que
viajam milhares de quilómetros para cá chegar.
Com uma palavra
só, posso acabar tudo. Fim.
Quero que as palavras
apareçam quando preciso delas. E depois me deixem em paz.
14.12.08
sono
Rascunhos.
Os rascunhos das coisas dos dias, dos caminhos, decisões, vidas.
As pessoas em rascunho.
Mas o que sinto, passado a limpo.
12.12.08
guião
Ninguém se lembra em que esquina estava. A esquina realmente, não existia, o que era indiferente para o amor. Agradava-lhe aquela nostalgia, aquele prendimento debaixo do candeeiro da esquina, sorria até com aquele sofrer de saudades. Fazia-lhe bem, ia-se roendo por dentro, mas sorrindo os sorrisos de outro por fora.
Podemos fazer o que quisermos, mas se não sairmos da esquina, não saimos e pronto. Que se lixe o presente, e todas as prendas que lá nos derem.