Comidas da avó
o bolo de côco (não é só da neta mais velha!)
o bolo de chocolate (não é só da neta do meio!)
os ovos mexidos (naquela frigideira imprestável, que jamais conheceu um detergente, religiosamente guardada num saco de plástico no armário de baixo da cozinha)
as batatas fritas (daquelas à rodelas, que mais ninguém faz porque agora vem tudo congelado, aos palitos)
os doces (de pêssegos do quintal, de morangos saloios, de ameixa com canela, marmelada, geleia)
o arroz doce (com ou sem ovos, dependendo dos presentes)
as filhós (as incontornáveis, e herdadas pela minha irmã)
Comidas da mãe
o gaspacho (raro, mas estupidamente bom)
os cozidos (só porque são dos almoços de domingo. E de inverno)
a tarte tatin (aquela que podia ser uma só para mim)
o bacalhau espiritual (que já não se usa nos fins de ano, porque já ninguém passa o ano em casa)
a mousse de chocolate (que também podia ser da tia, e de mais gente...)
Comidas da irmã
o tiramisú (outro que era uma travessa só para mim)
as pastas (com tudo e com todos, desde que seja fresca)
os tramezinni (como raio se escreve isto?)
Comidas de fora
as farinheiras (e morcelas de arroz, e paios, e chouriços, e linguiças, e farinheiras pretas, e tudo o que é tripa de bicho cheia de qualquer coisa...comestível)
o caril (do restaurante aqui de trás que já não existe há anos)
o semi-frio (idem)
os gelados (os de cascais porque sabem à matéria-prima, os de veneza porque, bem, são italianos autênticos)
as tostas (do guincho, por exemplo, mas normalmente em tudo o que é bar.Ah, as de veneza também)
o chocolate quente (de carcavelos)
os croissants de chocolate (primeiro os da estação, mais antigos, depois os inúmeros alarvados durante a faculdade)
os pastéis de nata (e demais bolos ali dos arcos)
as pizzas (da pizzaria que também já não existe, se bem que as de Lagoa também eram qualquer coisa)
a tarte de morango (de s. pedro de sintra)
os rojões (e papas de sarrabulho, e vinho verde do gerês)
a encharcada (lá da terra)
as migas de espargos (evento único)
...
Bolas, acabei de ver a minha vida em forma de comida.
Que alarvidade.